sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

O Amor Não é a Questão

Talvez nunca saibas que os peixes choram de baixo d'água,
Nunca acredites que no gélido coração de um homem,
uma dor escorre como larva pela garganta em mágoa.
Mas um dia, ao parar naquele mesmo bar, talvez saibas.

Talvez nunca vejas o olhar constrangido que disfarça aflição,
nem nunca compreendas uma lágrima do homem que a enxotou;
uma vontade que tenta afogar-se num copo qualquer de solidão.
Mas uma noite, ao olhar para as velhas fotografias do álbum, talvez vejas.

Talvez nunca bebas a última gota do Santo Graal,
nem nunca embreagues o homem que sedento lhe pede carinho.
Uma corajosa determinação em contruir abrigos na África...
Mas um dia, ao procurar teus filhos sem encontrar, talvez bebas.

Talvez nunca assines Vera, Cleópatra, Dalina ou Messalina,
nem nunca anotes o nome do homem certo em tua rebuscada agenda.
Uma extensa lista de sentimentos que findam a cada noite em dor.
Mas uma noite, ao pagar a conta do motel com cheque sem fundo, talvez assines.

Talvez nunca acordes de tua infância, de teu pesadelo existencial,
nem nunca suponhes que há vida nos espinhos da rosa que o homem lhe oferta.
Uma sutil maneira de lhe demonstrar que o afeto não é circunstancial.
Mas um dia, depois de sonhar com um beijo matinal, talvez acordes.

Mona M.

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