"O tempo presente e o tempo passado
Estão ambos talvez presentes no tempo futuro
E o tempo futuro contido no tempo passado.
Se todo o tempo é eternamente presente
Todo o tempo é irredimível."
(T.S. Eliot)
... o rapaz do caixa olha para mim e diz "É a tradução brasileira dos poemas de Eliot ?" Respondo-lhe que sim e que sempre gostei de Eliot. O caixa me sorri - os seus olhos brilham - e me diz uma boa tarde, depois de me entregar o dinheiro. Corro a pagar as contas. Uma chuva cai (in)esperadamente assustando os pássaros e fazendo com que todas as pessoas nas ruas se comportem como se estivessem a representar um papel no teatro da vida: o homem de negócios que passa correndo com a sua pasta e gabardina, uma mulher atenta à saúde do seu cão e duas adolescentes com ar de apaixonadas compõem um cenário na Avenida. Chove, eu protejo o livro e penso no que é a vida afinal, um rio sem começo e fim, de fluxo único numa direcção somente ou um lago amplo, profundo e silencioso, aonde cabem todos os tempos e todas as eras. Seja o que for, a vida é água; essa água que ora cai lavando as ruas e suas iniquidades de cidade grande. E vejo-me triste, e vejo-me alerta: e pela segunda vez nessas semanas sinto aquela necessidade ancestral de abraçar alguém de modo especial.
Porque sei, seja rio seja lago, a travessia será minha e só minha, mas quero ter alguém no cais para poder dizer adeus.
Mona M.
Estão ambos talvez presentes no tempo futuro
E o tempo futuro contido no tempo passado.
Se todo o tempo é eternamente presente
Todo o tempo é irredimível."
(T.S. Eliot)
... o rapaz do caixa olha para mim e diz "É a tradução brasileira dos poemas de Eliot ?" Respondo-lhe que sim e que sempre gostei de Eliot. O caixa me sorri - os seus olhos brilham - e me diz uma boa tarde, depois de me entregar o dinheiro. Corro a pagar as contas. Uma chuva cai (in)esperadamente assustando os pássaros e fazendo com que todas as pessoas nas ruas se comportem como se estivessem a representar um papel no teatro da vida: o homem de negócios que passa correndo com a sua pasta e gabardina, uma mulher atenta à saúde do seu cão e duas adolescentes com ar de apaixonadas compõem um cenário na Avenida. Chove, eu protejo o livro e penso no que é a vida afinal, um rio sem começo e fim, de fluxo único numa direcção somente ou um lago amplo, profundo e silencioso, aonde cabem todos os tempos e todas as eras. Seja o que for, a vida é água; essa água que ora cai lavando as ruas e suas iniquidades de cidade grande. E vejo-me triste, e vejo-me alerta: e pela segunda vez nessas semanas sinto aquela necessidade ancestral de abraçar alguém de modo especial.
Porque sei, seja rio seja lago, a travessia será minha e só minha, mas quero ter alguém no cais para poder dizer adeus.
Mona M.

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