sábado, 25 de fevereiro de 2012

Escrever,

de quando em vez,
para não se evaporar no nevoeiro perpétuo do cotidiano
...

Mona M.


O Preço

Eu nasci para amar a tudo e a todos,
com tamanha intensidade,
que esse amor só me traz dor e tristeza
e constitui, na minha alma,
uma fenda de criatividade.
Esse amor,
por mais penoso que seja,
mantém-me viva.
Amar a tudo e a todos traz solidão e cansaço.
Um preço a pagar,
um preço a pagar por esta fútil sombra existencial...

Mona M.

Sobre Ser Granizo

Existe alguma forma de precipitação mais estúpida que a de granizo?
Não se condensa em àgua nem se transforma em neve...
Não é bela aos olhos!
Não é gostoso tomar banho nela!
Granizo... Lágrimas doces empedradas,
Espinho duro das nuvens fechadas...

Mona M.

O Som do Mar

Você toca com os lábios,
um leve assubio percorre suas vértebras.
Você tenta,
desesperadamente,
imitar o som da maré baixa.
O cheiro de peixe morto embrulha seu estômago.
A areia entra por todas as aberturas que encontra.
Seu cabelo atrapalha a visão.
Mas você continua ali parado,

contemplando aquele silêncio inespressível da visão:
será que as ondas continuam quebrando quando fecho meus olhos?

Mona M.

Forever Alone

Não é que você queira ficar só,
mas a realidade mostra o futuro.
Não é que você seja seletiva e que se "ache",

é que você sabe o que te complementa.
Não é que você seja louca por correr atrás,
é que você ainda pensa em reparrar.
...
E consertar não está errado,
ajuda a crescer!
Você não é feia,

os outros que só olham para quem tem corpo de musa do brasileirão.
Você, também,

não tem culpa de viver num mundo fútil e no país das bundas de carnaval e pernas de futebol.
Mas a verdade é essa: conteúdo não embeleza.
Poesia não embeleza.

 Dinheiro, sim, embeleza.
Bundas, pernas e televisão embelezam.
Então, prepare-se para ser uma aposentada viciada em livros e com treze gatos.

É assim que me sinto nas tardes de domingo...

Mona M.

Insônia

Você passa o dia com sono e à noite não dorme.

É a essência da maldade dívina.
Ou persseguição da culpa.
Medo do pânico.
Distorção da agonia.
Ansiedade da dor.
Dor da separação.
Angústia.
Lágrimas de espanto.
Escuro.
Tarde.
Pássaros.
Dia.
Bom dia!
...
Sono.

Mona M.


SOBRE O AMOR

Sente-se tanto
 que o resto é medíocre para ser vivivdo...
O cotidiano é um porre de realidade
na dor de quem ama,
isso quando se ama a distância,
platonicamente, a um passo de ser possível... E tu,
tu sabes que não és diferente da maioria,
és diferente de todo o resto!
Tu sabes que por ti, eu vi. Eu fiquei. Eu caí. Eu morri.
‎...
Fiquei. Você sabe que eu fiquei. E que ficaria até o fim, até o fundo.
Que aceitei a queda, que aceitei a morte.
Que nessa aceitação, caí.
Que nessa queda, morri.
Tenho me carregado tão perdida e pesada pelos dias afora.
E ninguém vê que estou morta.
E são dias assim: dia de monja,
dia de puta,
dia de Joplin,
dia de Tereza de Calcutá,
 e todos os dias são como este: um dia de MERDA!

Mona M.


Prisioneira da Liberdade

O Tempo pode acabar com um amor sem explicação?
Como o amor é possível?
Como a luz do sol não enegrece perante tal absurdo,
ou a terra dura não derrete e ferve sob o peso de tamanho fardo?
Como é possível amar?
Se amor é libertação,
então sou culpada, condenada e prisioneira desse carrasco, que não liberta, não mata,
mas que machuca e corrói...

Mona M.

Solidariedade

Há em mim uma necessidade de compartilhar
As razões ou emoções que me levam a crer que ser solidário
Não significa ser mais alto interiormente,
Nem ser maior de coração ou perceber que a alegria de dar é indiscutivelmente superior à de receber...

Há em mim alguém que quer estender a mão, sem ver cor, sexo ou estatuto social...
Há em mim alguém que pensa que ajudar é um agrado a si mesmo.
Altruísmo é um falso credo em meu dicionário.
E se me perguntares o que sei sobre o amor,
Direi que ele está no olhar de quem é nobre...

A nobreza de espírito é altruísta por ter amor,
A pobreza de espírito é ínfima de amor,
Mudar a vida de alguém é pôr um sorriso em um coração machucado.
Um coração machucado, bate descompassado.

Um coração que bate descompassadamente, sofre.
O coração que sofre reconhece outro,
Dois corações que se reconhecem, ajudam um terceiro.
Solidariedade: Ideologia de todos e de ninguém.

Mona M.



Misantropia

Quatro Palavras

Tenho uma doença que, dez entre dez pessoas morrem de medo. Só de pronunciar o nome estremece dez entre dez colunas vertebrais. O "vilão" que não poupa ricos ou pobres, negros ou brancos, bonitos ou feios, altos ou baixos... Câncer.
Quando descobri a doença tinha quinze anos, e uma rebeldia incontrolável, logo, neguei tratamento. Meus pensamentos estavam tão desnorteados que não viam outra saída além da morte.
Os médicos descobriram cedo e, por acaso, graças a uma tentativa malsucedida de suicídio. Meu estado deplorável requereu uma bateria de exames e, nestes, nada foi revelado. Eu me recuperava psicológica e fisicamente. Nesse ocorrido, lesionei meus braços e, numa troca de curativos, uma atenciosa enfermeira observou uma alteração de tamanho, coloração e forma nas feridas. Então, ela chamou um médico para examinar; este, imediatamente pediu uma biópsia. Minha cabeça estava um caos. Pensei em diversas outras possibilidades de se fazer um exame desses sem que a resposta fosse câncer. Acabei esquecendo de me preocupar com isso, afinal, as razões que me levaram, primeiramente, ao hospital, estavam longe de serem consideradas "uma luta pela vida". Porém, esqueci de pensar que, mais cedo ou mais tarde, o diagnóstico chegaria. E chegou. Estava com melanoma e, ainda que em estágio inicial, era câncer. Meu oncologista disse, anos mais tarde, que quando o câncer foi descoberto, nem poderia ser classificado em estágio II, e eu tive muita sorte então, já que as pessoas normalmente descobrem tarde demais, quando o melanoma já está em estágio IV, pois é aí que ele começa a dar sinais claros no organismo. Minha sorte aqui foi muito irônica.
Um exame meticuloso foi feito em toda minha pele, ossos e tecidos orgânicos. Houve uma anomalia, chamada de calcificação giral. Nada grave, apenas uma bolinha cancerígena entre meu couro cabeludo e meu crânio. Precisava retirar aquilo. "Ah, então tudo se resolveria com uma cirurgia e esse velório ao meu redor teria fim." A cirurgia foi realizada; fiquei careca, mas sem a calcificação. Aliás, anestesia é uma coisa trágica, pois passei alguns dias meio boba e sonolenta e nem dei por falta do meu tão adorado cabelo. Conforme os dias foram passando, aquele gélido quarto foi se tornando meu lar; e eu acreditava que o pior já tinha passado e que o meu cabelo iria crescer. Era o que todos diziam, "cabelo é o de menos, ele cresce".
Mesmo já careca, filosofei até cair os cabelos de quem me ouvia tagarelar. No banheiro do quarto, um pequeno espelho "antissuicída" ficava pendurado em cima da pia. E era lá que eu refletia. Meu rosto era tão oval, horrível! Mas aquela espinha chata, o nariz "batata", todas as imperfeições que antes da cirurgia pareciam grotescas, desapareceram perante a um rosto sem o brilho capilar.
Era numa quinta-feira, quando tive alta. Fiquei feliz, para minha própria surpresa. Meses de depressão colocaram um sorriso gigante em mim. Eu e minha mãe fomos ao mercado; uma menina apontava o dedo para mim, eu gargalhei. Minha mãe me olhava com olhos inchados e inconformados; ela não achava engraçado.
Não se expurga um câncer apenas com cirurgias. Tratamentos pesados dão o ar de sua desgraça e assim, na semana seguinte, ouvi aquelas quatro palavras que ninguém quer ou espera ouvir na vida: "Você precisa de quimioterapia." "Meu mundo caiu? Nem um pouco ou aos poucos." Na primeira e segunda sessão, toda faceira, levei duas coisas: meu IPOD com inclassificáveis do Ney Matogrosso e a versão ao vivo do Back to Black, da louca Amy Winehouse e o livro do James Joyce (Retrato de um Artista enquanto Jovem). Enjoei! As pessoas que já passaram por isso me entenderão. Enjoamos das coisas muito fácil… E não é só da comida. Eu enjoava da clínica, do
cheiro das coisas, das pessoas, de ver o meu xixi no vaso sanitário, e incrivelmente, enjoei do curativinho que colocam onde fica o cateter. Então você cansa e a morte parece menos terrível.
É chocante assimilar todo o processo e aceitá-lo. Vivê-lo é insuportável. "Acho que aceitar um câncer é parecido com os estágios do luto. Você sente raiva, medo, indignação e ódio, e no fim, acaba aceitando. Mas, assim como o câncer, o sentimento nunca é, completamente, expurgado. E repito, no meu caso, foi tudo tão irônico.
A ironia de cometer um ato contra si mesma e, logo em sequência, lutar contra um câncer, é grande. As emoções que senti foram tão contraditórias que eu procurava nem pensar. Eu queria morrer, mas pelos meus motivos e não defasada por uma doença. Em retrospectiva, acho que enfrentei a quimioterapia, as cirurgias, o medo de morrer, o rosto oval, o preconceito alheio, as dores, a insônia, as vertigens, os enjoos, a febre alta e seu frio trêmulo na espinha... para estar aqui hoje, para poder contar esta história, que chamaria de milagrosa, se não fosse ateia. E assim, faço minhas as palavras de José de Alencar, que bradou: "Não temo a morte. Peço a Deus que não me dê um dia a mais de vida se eu não puder me orgulhar desse dia."
Às vezes choro um choro estranho, como nunca chorei antes. Uma mistura de felicidade por poder estar viva e algo como reviver o medo de não poder mais estar bem. Não dá para explicar. A maioria das lágrimas que escorrem pelo rosto são de medo, alegria e agradecimento àquelas quatro palavras, que mudaram minha maneira de ver a vida.

Mona M.



O que é a tristeza?

A tristeza é o fim da dor.
É o começo do medo.
É a insegurança do desconhecido.
É o navio a se perder na curva do horizonte.
É o cair do cadafalso.
É o apagar do nome no epitáfio.
É a queda da mansão Mayfair.
É o adeus do sol no último dia de verão.
É o frio de minha gélida Sibéria.
É um olhar vazio de luz.
É uma boca de tentador rubor,
ou boca tingida de sangue...

Mona M. 

Linger




Viver é por em lista vidas perdidas. Vidas que poderiam. Que foram. Que não foram.
A vida é ruim. A vida é uma perca. O tempo todo nos perdendo uns dos outros. Até que... nos percamos!
Viver é reedificar saudades. Construir castelos de areia e... Renovar o luto. A vida é uma prolongação de esperas que nunca vingam "em ser".


Mona M.

Tentar

entender o amor é o caminho da loucura
...

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Musa


Vou escrever um poema que fale sobre teus olhos:
dois pingentes de diamante.
Vou escrever um conto que se dedique a desvendar tuas curvas.
Vou escrever uma crônica sobre a doce persuasão da tua voz.
Vou escrever um romance que tente pintar o quadro de mistérios que envolvem teu olhar,
olhos ditos que nunca me encontraram; redesenhar a marcante presença da tua boca,
que na minha jamais tocou; da sinuosa beleza do teu corpo, que no meu não tocou;
das tuas versáteis e sutis cordas vocais, que nunca meu nome clamaram....
Mona M.

Ausência

"Caminho
sobre minhas dores
assim como se tua ausência
fosse uma doença
que não consegue
se curar
só com poesia."

Mona M.

Do Amargo

"Os goles
que bebo
longe de ti
têm o amargo
das bocas
que nunca amaram
ninguém!"

Mona M. 

Sobre Extremos

Antes fosse uma tempestade,
com raios, trovoadas, granizo e vendaval,
mas fora apenas uma chuvarada de verão.
Particularmente, gosto de extremos:
Tempestades, nevascas e de um sol fritante de 40 graus.
Porém, para gostar mesmo,
preciso tomar um banho junto aos trovões enquanto danço ciranda sobre o penhasco,
resvalar nas pedras, construir bonecos de neve como fossem ilusões e
assistir-me, nua, derreter-me no sol deserto.
Mona M. 

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Adeus?

Porque agora, fecho meus olhos e onde só havia escuridão,
há um inquieto e profundo oceano... Mona M.

Eu gostaria que o "para sempre" fosse eterno e que o "eterno" durasse para sempre!
Ainda não sei dizer adeus, dona Anjo!



Sobre uma metáfora

A Senhora arrogância bateu em minha porta, pediu entrada.
Eu deixei, ela entrou, olhou pros lados, cumprimentou e se foi.
Teve azar a Senhora, a indiferença tinha passado por aqui há algum tempo, e com ela aprendi a lidar com gente arrogante.
Não foi embora muito alegre, mas me deixou com uma sensação de satisfação tão grande essa tal arrogância.
...

Mona M.


"Sobre o escrever,


porque escrever é gastar a dor.
Não adianta,
não sei explicar...
As palavras traem o que a gente sente..."

Mona M.

Sobre Querer

Eu queria ser um negro, pianista e alcoólatra...


Viver na Bossa e na fossa.
Desprezar a burguesia.
Um vagabundo sem pátria e sem coração.
Viver sem destino,
tocando nas ruas desertas,
tendo vira-latas como plateia.
Embriagando-me de dor e
caindo desmaiado nas sarjetas...




Mona M.

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Sobre NÃO Sentir


E esse frio existencial corrói minha mente
tanto quanto a fumaça do cigarro corrói meu esôfago.
Numa fração de segundos, imperceptíveis, intocáveis,
esvaem-se as ilusões sentidas,
enquanto inalo aquela fumaça acinzentada e seca,
penso no que passou,
um passarinho que passa lento demais
e uma dor que cresce a cada tragada.
Dor existencial não dói, apenas corrói...


Mona M.

I Don't Think So


Ontem foi Ontem


E como saberei se amanhã sentirei fome?

- Greta Garbo

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Inércia Existencial

"Como o tempo passa", frase clichê... É, e já faz um ano!
Um ano inteirinho! 365 dias sem sentir teu cheiro, sem saborear teus beijos. Abraçar teus abraços. Olhar teus olhos. Encantar-me com teu sorriso. Sem chorar tuas lágrimas...
Então, deixa eu te passar algo "about me"...
Já não me importo com relacionamentos ou com pessoas ou com outra coisa qualquer.
Já não me sinto inspirada com a chuva e nem mais alegre fico quando tomo um banho dela. Seu gotejar causa insônia.
Sorrisos sociais já saem rotineiros, como despertador programado...
O sarcasmo está bem mais contido, disolvendo-se em algum lugar de minha massa cinzenta...
A fadiga está presente como as obrigações e deveres...
Os livros já não me parecem TÃO sensuais quanto costumavam parecer.
Os dias estão mais longos e as horas da noite estão lentas, como conta-gotas, conto os segundos para levantar da cama... gelada!
Alguns atrevidos até me dizem que pareço mais simpática,
mas eles não sabem que estou no piloto automático desde que voltei... Voltei de onde?!
De onde?! Nem eu sei direito, um lugar entre a vontade de ser e a total e completa inércia existencial...
Olá Solidão! Senti sua falta...


Mona M.



Sobre a falta

Sabe o que eu queria agora?
Ter teu colo, teu abraço, teu carinho...
Queria-te aqui do meu lado para eu dormir.
 Para ficarmos pensando em nada.
Em silêncio.
Ouvindo o som do coração.
Sentindo tua respiração, o teu cheiro,
o teu calor;
para ter a segurança de que te teria quando precisasse
...

Mona M.



quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

OFF!



Porque cansei de fingir. De representar: não sou peça de teatro!
Estou indo embora e, quando sair, trancarei a porta!

E...

"Dans le véritable amour c'est l'âme qui enveloppe le corps"


Sempre será!

Passagem

"Meus dias se esgotam,
Meus pensamentos se desvanecem,
atormentando meu coração,
fazendo da noite, dia;
a luz da manhã é para mim como trevas.
Deverei esperar? A região dos mortos é a minha morada,
preparo meu leito no local tenebroso.
Disse ao sepulcro: És meu pai!
E aos vermes: Vós sois minha mãe e minha irmã!
Onde está, pois, minha esperança?
Quem entrevê minha fidelidade?
Descerão elas comigo a região dos mortos
e nos afundaremos juntos na terra?"  

(JÓ 17:11)

Será que a gente acredita?

Não é raro, tropeço e caio.
Às vezes, tombo feio de ralar o coração.
Claro que dói,
mas tem uma coisa:
a minha fé continua em pé.
Tudo que é Verdadeiro volta.
E, de qualquer forma,
às cegas, às tontas,
tenho feito o que acredito,
do jeito talvez torto que sei fazer…
Aos caminhos,
entrego o nosso encontro e se tiver que ser, como tem que ser,
do jeito que tiver que ser, a gente volta um dia a se ver.
E escrevo, enfim, me ocorre agora,
que nem você nem eu somos descartáveis.
E amanhã tem sol. Ou não!
Mona M.

Sobre o hoje



Só por hoje eu não quero mais chorar
Só por hoje eu não vou me destruir
Posso até ficar triste se eu quiser
... É só por hoje, ao menos isso eu aprendi.

Só por hoje vou aprender que o ‘hoje’ é todo dia...
que o que passou, passou e pronto.
O que virá é agora, ao menos isso.
Viver o hoje, nada do ontem, do amanhã..
sempre será hoje, só hoje, por hoje...
 
Mona M.
 
 

Só Pesadelos tornam-se realidade!


Todo mundo se lembra dos contos de fadas da infância: o sapatinho serviu na Cinderela, o sapo se transformou no príncipe, a Bela Adormecida foi acordada com um beijo... ‘Era uma vez... ' e depois: ‘Viveram felizes para sempre'. Contos de Fadas alimentam os sonhos;
O problema é que contos de fadas não se realizam. Só outro tipo de história. Aquelas que começam com noites escuras de tempestade e terminam indescritivelmente...
Mona M.

"Keep breathing

Hold on to me
and never let me go (...)"


Memories...

"I remember the rain on the roof that morning
And all the things that I wanted to say
The angry words that came from nowhere without warning..."




Memories

Sobre Fingir


Foi por sua culpa que me tornei uma pessoa que se sente insuportavelmente sozinha o tempo todo.
Posso me cercar por multidões, pulando carnaval, que morro de solidão ali no meio.
Não há companhia, ou emoção coletiva, ou comoção nacional, que me livre de estar só.
Festas acontecem ao meu redor, sem que eu nunca me estabeleça como integrante.
Pelo contrário, odeio quietinha todas elas, as festas, po...rque não suporto qualquer manifestação de felicidade.
Odeio férias, odeio os feriados, odeio massas grandes em pizzarias.
Detesto com todas minhas forças o Natal, tenho raiva do verão, fujo de aniversários.
É, eu me tornei uma fingida completa, o tempo todo sendo aquilo que não sou.
Essa semana, por exemplo, tenho fingido que sou aquela que acha legal que o pai conserte uma cisterna. Que diabos é uma cisterna?
Como pode um homem adulto passar o dia eufórico porque, graças ao seu engenho, a cisterna voltou a funcionar.
Bom, logicamente, eu finjo perfeitamente, porque pratico desde criança.
Quando fingia que era maluca, por não ser genuinamente esquisita, tomando vidros de xarope com Optalidon. =]
 
Mona M.
 
 

Incógnita?

Não é que eu crie expectativas em relação a tudo.
Só na grande maioria das vezes...
Não é que eu crie uma ideia mágica do que poderá acontecer
e me frustre loucamente depois,
por não ter acontecido.
Fico frustrada porque nunca dá certo e então,
quero ir embora..
Até porque não me encaixo em lugar algum,
nem mais no lugar que costumava ser meu
e eu o adorava.
Nem meu lugar é meu.
E nesse universo de aparências,
em que não pertenço
e nem sou pertencida,
ao invés de criar falsas expectativas,
prefiro deitar na minha cama e dormir.
Dormir e não sonhar.
Sonhar e quem sabe,
não mais acordar...



“Mesmo sem motivo, sinto sempre uma ansiedade que me faz ver e procurar perigo onde não existe. Isso aumenta infinitamente qualquer aflição e faz com que a relação com os outros seja muito difícil.” (Schopenhauer)

Mona M.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

As pessoas,

máscaras penduradas em corpos.
O colorido das roupas gritando alto,
como se pudesse emprestar
alguma individualidade
ao que não era sequer sombra.
Tudo o que era diretamente vivido
esvai-se na fumaça da representação.

Mona M.  

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Someday




Um dia, "babe"...
No dia em que o sol estiver recluso e a lua estiver dormindo,
nós voaremos como duas águis.
Neste dia, tão esperado,
estaremos em harmonia conosco e
seremos felizes, por momentos pingados na eternidade.
Um dia, quando nos reencontrarmos, voaremos feito águias pelo asfalto de nuvens e
nos amaremos feito dois Joãos-de-barro.





Mona M.