Eu quero chafurdar na dor deste ferro enfiado fundo na minha garganta seca que só umedece com vodka.
Passa-me o cigarro.
Não, não estou desesperada, não mais do que sempre estive.
Nothing special, baby.
Não sou louca e nem estou bêbada, apenas sóbria pra caralho e sei que não tenho nenhuma saída. Não te preocupa, meu bem, depois que você sair, tomo um banho frio, leite quente com mel de eucalipto, gin-seng e diazepan.
Depois deito, durmo, acordo e passo uma semana a banchá e arroz integral.
Absolutamente santa, absolutamente pura, absolutamente limpa.
Depois tomo outro porre, cheiro cinco gramas, caio no chão, faço aloka, ligo pro CVV às quatro da manhã e alugo a cabeça de um panaca choramingando coisas do tipo: “preciso tanto de uma razão pra viver e sei que esta razão está dentro de mim e bláblábláblá” .
Faço uma lamúria até o sol pintar atrás daqueles edifícios sinistros, mas não te preocupe, não tomarei nenhuma medida drástica, a não ser continuar.
Tem coisa mais autodestrutiva do que insistir sem fé alguma?
Mona M.
Mona M.
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