terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Ao vinho

Sobre os lábios da tarde, ardentemente,
deposito um beijo longo e suave,
como o toque da boca sobre o cálice.
Quero beber do teu sangue como vinho,
tinto, escuro, aveludado e límpido.
Neste leito desafios e presságios
quero me embriagar com teu corpo, ousado!
Teu aroma e sabor resistem ao tempo,
como um cabernet velho e encorporado,
amadurecido lentamente sob o peso dos sonhos
mais sagrados e do mistério das uvas.
Quero cortar teus pulsos e, nos longos fluxos vermelhos,
saborear o gosto das artérias...
Copo nas mãos e a faca entre os dedos,
à luz do reflexo vivo da lâmina.
Já ouço, ao longe, o som dos teus passos,
e, neste terraço solitáriov ergo minha taça
e através da névoa mágica do vinho,
vejo teus olhos... Ouço, imagino, sonho
fragmentos de carícias a caminho do paraíso.


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