terça-feira, 29 de julho de 2014

Sobre relacionamentos na Era do Exibicionismo

 Amor de verdade precisa de Provas Públicas?
(...e o amor, infelizmente, tem tomado o mesmo rumo cíclico das redes sociais).
 Se pra você um pedido público de casamento é prova de amor, me desculpe: pra mim não passa de coerção e de necessidade de auto afirmação – com o perdão da generalização imprudente. Coerção porque se imagina que a outra pessoa não será capaz de negar – afinal, há uma plateia sedenta por um final feliz e que pode servir como testemunha da insensibilidade daquele que recusou, caso o final não seja assim tão feliz. E necessidade de auto afirmação porque toda megalomania é uma fantasia de poder – ouvir um “sim” em público prova ao mundo (e até a quem não está minimamente interessado nisso) que eu, o namorado perfeito das comédias românticas, provavelmente terei uma vida perfeita e filhos perfeitos com cabelos perfeitos para pentear antes de ir à escola que vai lhes garantir uma educação perfeita.
E assim, roteirizando os relacionamentos interpessoais e ditando regras sobre o que é o namoro ideal, o casamento ideal, a gravidez ideal, os filhos ideais e a velhice ideal, a gente segue exibindo a nossa felicidade antes mesmo de curti-la. Fazendo dela um grande evento, e não uma bela casualidade. Isso é o que a sociedade do espetáculo tem feito com a gente. Somos todos atores de um filme que ainda não se sabe como vai terminar. Vocês, que acreditam na "magia" dos pedidos públicos, e eu, que os condeno. Já ouvi namorados se queixarem de que suas namoradas, por mais carinhosas que fossem, não postavam fotos do casal nas redes sociais. E já vi namorada postar foto de namorado novo apenas para mostrar ao ex que ela havia encontrado "um partido melhor". Não que eu ache que amor foi feito pra ficar guardado a sete chaves. Nada disso. Amor é pra ser gritado aos sete ventos, é pra contagiar o mundo de sorrisos, é pra inspirar mais amores, é pra virar best-seller. Amor é um crime a ser cometido. Mas desde que o alvo principal de toda e qualquer demonstração de carinho seja a pessoa amada, e não a necessidade particular de esfregar na cara dos outros a sua felicidade.


Mona M.



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